O senador Jorge Kajuru (PSB-GO), atual vice-líder do governo no Senado, protagonizou mais um episódio de tensão entre aliados do Palácio do Planalto. Em declarações contundentes, Kajuru afirmou sentir-se traído pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ameaçou romper com o governo caso sua situação política em Goiás não seja revista.
Segundo o senador, há uma clara preferência do governo federal por seu principal rival político no estado, o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), a quem Kajuru acusa de receber mais atenção e benefícios da atual gestão. Ele cita, como exemplo, o fato de Vanderlan ter emplacado a indicação para o comando da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) em Goiás — órgão estratégico para a liberação de recursos e execução de obras federais.
“Eu sou o vice-líder do governo, e não consigo sequer ser recebido pelo presidente Lula. Ministros não me atendem. Enquanto isso, meu inimigo político e adversário declarado do governo tem prestígio e influência. Ou Lula resolve essa situação — porque eu não aceito ser tratado como inferior a um inimigo meu e dele — ou acaba tudo”, disparou Kajuru em entrevista.
Além das críticas à condução política no estado, Kajuru apontou um suposto movimento de integrantes do PT para prejudicá-lo junto ao presidente. De acordo com o senador, há tentativas de “queimar” sua imagem diante de Lula, especialmente após ele votar a favor da inelegibilidade de Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e, mais recentemente, sair em defesa de Bolsonaro no julgamento que ocorre no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Não posso ser atacado dentro do próprio grupo por ter posições independentes. Sou aliado do governo, mas isso não significa que não tenha opinião”, destacou Kajuru, defendendo sua atuação como autônoma, mas leal ao que considera justo.
A insatisfação pública do senador acende um alerta no núcleo político do governo, que já enfrenta dificuldades em manter coesa a base aliada no Congresso. Kajuru, conhecido por seu estilo franco e combativo, é uma peça importante para articulações no Senado, e seu eventual afastamento pode representar mais um revés para o Planalto em votações estratégicas.
