O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu propor a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil, com foco nos eleitores da classe média e nas eleições de 2026. A medida é voltada para a faixa de renda entre dois e cinco salários mínimos, onde, segundo pesquisa da Quaest de outubro, a reprovação ao governo atinge 46%.
Uma fonte próxima ao presidente revelou que Lula tomou essa decisão estratégico-eleitoral, de olho no eleitorado de centro e como reação ao crescimento da direita nas eleições municipais. Apesar de ser uma promessa de campanha de 2022, a proposta está sendo apresentada agora como a primeira iniciativa para a disputa de 2026.
Início em 2026 e reação do mercado
De acordo com a equipe econômica, a isenção do IR até R$ 5 mil deve entrar em vigor a partir de 2026, mas ainda depende de aprovação no Congresso. A proposta foi anunciada nesta quinta-feira (28), junto a um pacote de cortes de gastos aguardado pelo mercado, mas gerou forte reação negativa. Pela primeira vez, o dólar ultrapassou os R$ 6.
Durante coletiva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que Lula busca dialogar com todo o país, não apenas com o mercado financeiro. “O presidente ouviu ministros e especialistas por dois meses antes de tomar essa decisão. Ele está focado em dialogar com o país como um todo”, afirmou Haddad.
Impacto eleitoral
Felipe Nunes, diretor da Quaest, acredita que a proposta de isenção de IR tem motivação eleitoral, mirando uma parcela da população onde a aprovação de Lula é menor. Segundo a pesquisa de outubro, a reprovação do presidente entre eleitores com renda de dois a cinco salários mínimos (46%) está tecnicamente empatada com a aprovação (51%).
Para Nunes, a movimentação estratégica busca influenciar o cenário eleitoral de 2026. “O governo está sinalizando que precisa de um efeito eleitoral positivo nessa faixa de renda em 2026”, concluiu.